Constrangimento alheio
Outro dia eu enquanto eu caminhava no parque acabei acompanhando a conversa de quatro amigas que caminhavam à frente. Elas conversavam com total familiaridade, como se aquele espaço fosse delas, sem se dar conta do tom de voz que usavam. Desta forma foi inevitável acompanhar a conversa delas.
Os assuntos variavam sobre festas, trabalho, namoro, recadinhos do orkut, enfim estavam atualizando os acontecimentos entre elas.
De repente a moçoila mais alta confidencia às amigas: “ – Meninas, amanhã vou dar o (_._) pela primeira vez! E isso é muito constrangedor!” Percebi que as outras três olharam para a falante e logo a mocinha de preto, que parecia ser a mais desbocada das quatro exclamou: “ – Relaxa, é bom demais! Eu gosto!”
Gente, um assunto assim, conversado perto de alguém como eu que é super curiosa e observadora, é claro que eu coloquei mais tento na fala das caminhantes participando como espectadora.
A mais alta com rapidez falou: “ – Não! Não é neste sentido! Eu vou ao médico pois as coisas não vão bem nos países baixos. E eu fico só pensando no constrangimento. Pô, tomara que o médico seja bonito, pra compensar, né? Do contrário vou ficar traumatizada. Já pensaram? Alguma coisa tem que valer a pena, ué!”
Soltando uma risada a mocinha de verde perguntou: “ – Qual é o nome do médico? Porque se for o Dr. Fulano de Tal, se prepara, pois a mão dele é deste tamanho, ó!” Ela fez um gesto com as mãos e como eu estava atrás não pude ver qual era, mas presumi que ela quis mostrar que a mão e principalmente os dedos do tal médico eram grandes. Elas começaram a gargalhar. Confesso que me contive pra não soltar uma risada alta, mas que também ri do comentário, ah isso eu fiz.
A mais calada das quatro amigas, uma mocinha de rosa, parecia compreender a preocupação da amiga. Mas antes que ela falasse alguma coisa uma delas se expressou e logo todas falaram consecutivamente:
“ – Bem, eu já tentei, mas não gostei.”
“ – Eu também não gosto.”
“ – Ah! Cada um é cada um, né?”
“ – Pois eu gosto, não acho ruim não.”
A mocinha de preto emendou: “ – Este assunto daria uma boa tese porque toda mulher nega que deu, mas todo homem afirma que já comeu um. Oras, tem alguém mentindo nesta história!”
KKKKKKKKKKKK riram todas elas. Eu concordo com ela, são poucas as mulheres que assumem estas preferências, são mais recatadas, já os homens falam sem pudor.
A inconformada pronunciou: “ – Fala sério! Pra fazer residência nesta especialidade de proctologista ser bonito deveria ser um pré-requisito indispensável, seja pra homem ou mulher. Ah, tenha dó!”
A de verde comentou: “ – Só pra te deixar mais tranqüila, atualmente este exame é feito na posição ginecológica, não precisa mais ficar de quatro. Tenho uma amiga que sofreu muito com problemas de intestino e teve que fazer algumas cirurgias. Se você quiser posso pegar com ela o telefone da médica com quem ela tratou.”
A mocinha de rosa falou: “ – Não adianta, exame ginecológico é sempre constrangedor. Incômodo e desagradável.” E a de verde complementou: “ – É mesmo! Eu falo com minha médica, tantas coisas no mundo evoluem, porque não evoluem aqui também?”
Gargalhadas e comentários sobre o assunto, as quatro acabaramm mudando o rumo da prosa e falando sobre outras coisas. E continuaram caminhando sem perceber que estavam conversando num tom alto o suficiente pra quem estava por perto ouvir toda a conversa delas.
Fiquei pensando na preocupação daquela moça, ou ela estava levando na brincadeira ou realmente estava projetando na pessoa do médico, ou melhor, na beleza do médico sua preocupação anal ou, quem sabe, estava em total sublimação.
É como dizem, baby: se o estupro é inevitável, relaxa e goza.
Hmmmmm... Será?
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home