17 outubro 2006

Brotou um verso

Amo você do meu jeito
Um amor puro, particular
Ele cresce devagar no meu peito
De forma que não pretendo estancar

Cadê a coruja que estava aqui?

O misterioso desaparecimento de uma coruja da coleção gerou entre mãe e filha um diálogo mais ou menos assim:
- Pegaram a coruja que fica aqui?
- Mas como isso aconteceu?
- Não sei, só sei que é assim. Sumiu. Alguém pegou e levou daqui. Eu sei o lugar de cada uma das minhas corujas. Sou eu quem cuida delas.
-Vou trazer umas etiquetas para que você possa numerar cada uma e até escrever de onde vieram, tá?
- Como? Tem muitas que eu nem lembro quem me deu ou de onde veio. Como vou fazer isso?

Ao voltar com as etiquetas, tentando abrandar o trauma, a filha comenta:
- Esta aqui eu trouxe de Curitiba, né?
- Sim. E esta de Belém. Esta você trouxe do Uruguai, esta você comprou na Torre, esta trouxe de Natal. Esta aqui foi meu filho quem trouxe na última viagem dele. Estas aqui, e mais estas, foram presente da tia. Esta família aqui, feita de murano, foi o fulano quem trouxe de Santa Catarina. Esta, siclana trouxe da Itália e esta aqui ela trouxe da Espanha. Esta, fulana trouxe daquela viagem que fez pra Patagônia. Esta minha nora me deu outro dia. Esta você trouxe de tal lugar... Estas aqui meu filho me deu no natal do ano tal... Estas... Esta... Esta aqui... E esta aqui foi...

Conversa vai, conversa vem daquele quase monólogo, sim porque a mãe coruja da coleção de corujas falava mais que respondia, só restava um pensamento pra filha atenta: “Quem foi que disse que não lembra, heim?”

Ai, ai...

14 outubro 2006

Mas há a vida

"Mas há a vida
que é para ser
intensamente vivida,
há o amor.
Que tem que ser vivido
até a última gota.
Sem nenhum medo.
Não mata."

Clarice Lispector

Sinônimos e Antônimos


Outro dia fui visitar minha prima e suas filhas com minha tia Hull (estranho mas pronuncia Hall – meu avô tinha uma escolha bizarra para nomes, mas deixemos isso pra lá.)

Depois de muito conversar, brincar com as crianças e conhecer a nova churrasqueira que eles construíram chegou a hora de ir embora.

Minha priminha queria conhecer meu carro, então entramos e ela, é óbvio, fuçou tudo o que podia ali dentro.

De repente eu falei pra ela: - Querida, você está tão linda!

E rapidamente ela me respondeu: - E você está tão feia!

Tentei explicar-lhe que esta não era a resposta mais apropriada para um elogio:

- Veja bem, não é bem assim que se responde e blá blá blá...

Mas a graça já estava na espontaneidade com que ela, com 3 anos, me respondeu e tudo o que eu pude dizer pra mãe dela foi:

- Sua filha acaba de me recordar uma aula de sinônimos e antônimos!

Claro que, depois de explicada a situação, a gargalhada foi geral.

Criança diz cada coisa!

13 outubro 2006

Xeque Mate

Final da tarde de sábado, chuva caindo e um trânsito terrível, como não poderia deixar de ser. Entretanto, isso não importava muito para eles que pretendiam passar um tempo juntos, aquele tempo esperado e desejado reciprocamente.
Quando estão virando a esquina ela faz aquela cara sapeca e ele, reconhecendo que ela queria lhe pedir alguma coisa, sorri e pergunta:
- Que foi, amor? O que você quer?
- Não vale rir, mas eu quero um McLanche Feliz! – dispara Patrícia com seu sorriso maroto.
- Então, vamos lá. Mas, McLanche Feliz não é sanduiche de criança??
Ela olha pra ele, solta uma gargalhada e diz: - Então, por isso mesmo! Além do mais eu gosto de ter aqueles brinquedinhos em casa pra o caso de receber visita de alguma criança por lá.
- Criança? Como assim, criança? - pergunta Humberto, com cara de quem não aceitou bem a justificativa.
- Sim, criança ou crianças. Os filhos das minhas amigas, oras. Quando eles aparecem por lá eu posso dar os brinquedos pra eles brincarem um pouco. Entendeu, meu amor? É por isso, viu?
- Não me convenceu, mas tudo bem. Você tem cada idéia...

Depois de comprar o lanche e escolher o brinde eles seguem em direção ao hotel. Ela, feliz e contente por matar a fome que a incomodava. Ele, começando a ficar tenso com os vidros que começavam a embaçar. Mas o que eles queriam mesmo era passar um tempo namorando com tranquilidade.

A chuva começa a ficar mais forte e o trânsito mais lento. Providêndia imediata: passar um pano nos vidros embaçados. Já alimentada ela o ajuda revesando a tarefa, mas pensa: “Não está resolvendo muito, mas tudo bem, vou agir como co-piloto em dia de trilha. Só que este pano não ajuda, logo tudo fica embaçado outra vez...”

De repente ele dispara: - Nunca mais eu compro um carro sem ar-condicionado. A diferença era tão pouca! Com ar-condicionado não iria embaçar os vidros, sabia? – e olha pra ela.
- Eu ouvi um motorista dizer que passar sabonete no pára-brisa evita que ele embace. Aí, outro contou que passar cinza de cigarro também funciona. No seu caso, meu amor, melhor passar sabonete, né? Ou, então, um bom produto limpa-vidros.
- Sabonete, cigarro? Que idéia! Sabonete molhado ou seco? Eu, heim... Vou limpar com limpa-vidros, pode deixar.
- Sim, faça isso! Motoristas de ônibus e caminhão nem sempre têm um limpa-vidros na cabine, eles se viram com o que têm. – respondeu Patrícia. Calando-se pensou: “Eu também preciso limpar os vidros do meu carro. É muito ruim dirigir sem nitidez.”


Apesar de um pouco tenso com o trânsito, Humberto estava carinhoso como sempre. Assim eles seguiam adiante. Mas em um certo trecho o trânsito fica mais lento, e ele solta um suspiro como quem não está gostando. Ela põe a mão na perna dele e tranquilamente diz: - Meu amor, está tudo bem. Eu estou aqui, viu? Ele olha rápido para ela e sorri.
...

Finalmente eles chegam. Ambientando-se ele regula as luzes, abre um vinho e acaricia o rosto de sua amada que manhosa já está deitada na cama sorrindo pra ele.

Durante um bom tempo eles conversam. Humberto particularmente falante, conta histórias antigas e outras atuais. Patrícia, acariciando seu peito, acompanha tudo com atenção.

Após algum tempo de conversa ele solta: - Eu quero ser feliz!
...

O tempo passa. Eles se amam com aquela sintonia peculiar de um casal cheio de desejo. Entre beijos e abraços apertados nem se preocupam se ainda chove ou não. Quem se importa? O que eles querem mesmo é curtir um ao outro e o fazem intensamente.
...

Hora de ir embora. Já no carro ele troca o cd, escolhe uma música e fala pra ela ouvir com atenção.

Decorei o que eu vim te dizer
só te olhar já me faz esquecer
Um "xadrez racional" eu montei
mas sua rainha é o xeque-mate pro meu rei
O silêncio parece entender
o que os olhos não querem calar
Coisa linda
Renasci por te encontrar
Coisa lin...da
Meu dilema é te amar
Sê bem-vin....da
A vida que eu sonhei, você pode me dar
Eu vim pra me render e te levar
Destinos já traçados podem se mudar
Se o fruto do pecado for amar

Argumentos começam ruir
armadilha que eu mesmo caí
Coisa linda
Renasci por te encontrar
Coisa linda
Meu dilema é te amar
Se bem-vinda

Ele, olhando nos olhos dela, fala:
- Esta música é apropriada para este momento que estamos vivendo.
Atenta à letra da música e com o coração batendo diferente, Patrícia segura o rosto de Humberto com as mãos e o beija.

Cientes do momento que vivem eles voltam pra vida real.


12 outubro 2006

Pausa Musical

Eu gosto muito desta música, do álbum As Quatro Estações - Legião Urbana, não apenas pela letra, mas pelo conjunto:
Renato Russo, que escreveu músicas com letras muito inteligentes, a quem aprendi a admirar pois meu herói sempre ouviu as músicas da banda aqui em casa;
Paulo que escreveu cartas aos membros da igreja em Corinto, aquele povo habitante da metrópole grega intelectualmente arrogante e que precisava de aconselhamentos;
Luis Vaz de Camões, poeta português que, como tantos outros poetas, viveu suas experiências e escreveu muito bem.

Estas três pessoas sabiam usar bem as palavras.

Eu?
Eu ainda estou aprendendo, hehehe

MONTE CASTELO
Composição: Renato Russo (recortes do Apóstolo Paulo e de Camões).


Ainda que eu falasse a língua dos homens.

E falasse a língua do anjos, sem amor eu nada seria.

É só o amor, é só o amor.
Que conhece o que é verdade.
O amor é bom, não quer o mal.
Não sente inveja ou se envaidece.

O amor é o fogo que arde sem se ver.
É ferida que dói e não se sente.
É um contentamento descontente.
É dor que desatina sem doer.

Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.

É um não querer mais que bem querer.
É solitário andar por entre a gente.
É um não contentar-se de contente.
É cuidar que se ganha em se perder.

É um estar-se preso por vontade.
É servir a quem vence, o vencedor;
É um ter com quem nos mata a lealdade.
Tão contrário a si é o mesmo amor.

Estou acordado e todos dormem todos dormem todos dormem.
Agora vejo em parte. mas então veremos face a face.

É só o amor, é só o amor.
Que conhece o que é verdade.

Ainda que eu falasse a língua dos homens.
E falasse a língua do anjos, sem amor eu nada seria.

http://legiao-urbana.letras.terra.com.br/letras/22490/

08 outubro 2006

Não resisti...


Esta é pra mostrar que alguns não mudaram mesmo! Repare... rs

Encontro da turma da faculdade




Hoje aconteceu o tão esperado reencontro da turma da faculdade. Estávamos planejando este churrasco agosto, mas sabe como é complicado conciliar as agendas.

Após 13 anos de formados conseguimos nos reunir, abraçar, matar as saudades, conversar sobre tantos assuntos, conhecer os maridos e filhos daqueles que já os têm, conversar sobre projetos futuros, sobre quem está atuando na área, quem parou de atuar, quem nunca atuou porque a vida seguiu outro rumo.

Foi tudo muito bom, serviço de qualidade, local agradável, uma chuva que só ameaçou, mas não atrapalhou em nada. (vamos falar sério, a chuva de ontem foi forte, heim?). Alguns não mudaram muito, já outros perderam cabelos, ganharam barriga, estas coisas que a natureza faz acontecer com todos os mortais.

O que importa mesmo é que eu fiquei muito feliz por reencontrar a turma com a qual me formei. Espero que a gente possa fazer isso mais vezes.

Olhe, vou dar a minha opinião: esse papo de que Brasília é um ovo de codorna é balela, afinal nem sempre a gente encontra pessoas conhecidas por aí. Mas que certos encontros são muito bons, ah... Isso ninguém pode negar.

07 outubro 2006

Momentos e Pensamentos


Sempre se fala que os momentos são únicos e foi pensando nisso que decidi começar a escrever.

A vontade de transferir meus pensamentos pro papel já vinha latente, dentro de mim. E a fase que estou vivendo agora é bem propícia pra começar, afinal comecei a fazer um alinhamento de idéias em busca de respostas para algumas perguntas internas.

Pode ser aquela vontade de fazer cumprir a tríade “plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro”.

Plantar: já plantei e ainda planto muito. Gosto de jardinagem. Flores, samambaias, palmeiras, flor de maio, orquídeas, grama, qualquer coisa!
Eu me lembro de árvores marcantes: uma mangueira que eu plantei no jardim dos fundos da casa, quando eu era criança, quase pré-adolescente. Crescemos juntas. E sentada na calçada, curtindo a sua sombra ou me protegendo da chuva, eu conversava com amigos, namorava, subia em cima da casa. Isso mesmo! Pra tomar sol na laje, meu bem. Ou então procurar aquele dente de leite que alguém disse que eu deveria jogar no telhado e ingenuamente eu joguei... A outra fui um arbusto de hibisco. Um dia, voltando a pé das compras nas Casas da Banha que ficava ali no Brasília Rádio Center (lembra disso?), eu arranquei um galho daquela planta florida do jardim no Colégio Sagrado Coração de Maria. Se alguém viu esta peraltice eu não sei, mas tem coisa que criança pode fazer, não é? Então, plantei no jardim de inverno que temos dentro de casa e durante anos esta planta enfeitou nosso lar. A mamãe não deixou retirar nem quando resolvemos colocar piso no jardim. Querida, agora não tem mais jeito, vou plantar outra coisa no lugar, viu?


Voltando à tríade, ter um filho é um projeto, um sonho que ainda vou realizar. Em outro momento eu escrevo sobre isso. Agora, escrever um livro é um sonho que, confesso, já tive sim. Já pensei em vários temas pra escrever. Então decidi: “Que tal começar com um blog? Assim, sem pressa, sem cobrança vou escrevendo o que me vem à cabeça.”

Não tenho certeza, ainda, se estes escritos serão publicados em alguma editora, mas em algum lugar ou na tela de algum computador pode ser que cheguem. O que realmente sei é que tudo o que está borbulhando aqui dentro tem que ser posto no papel como uma forma de ratificação ou possibilidade de retificação. O que importa são os momentos e os pensamentos que já existem e os que virão.

Gosto muito de música e uma do VPC é bem apropriada pra explicar o nome do blog :

PALAVRAS BONITAS, PALAVRAS SENTIDAS, PALAVRAS COMPLETAS DE PAIXÃO.
PALAVRAS COMPRIDAS, PALAVRAS BENDITAS. PALAVRAS REPLETAS DE RAZÃO
PALAVRAS VESTIDAS DE FLORES E FITAS, PALAVRAS PERPÉTUAS NO PADRÃO.
PALAVRAS AMIGAS, PALAVRAS TECIDAS, PALAVRAS DESERTAS NO CORAÇÃO.
QUE A VIDA ESPELHE O QUE A BOCA DIZ TAL QUAL O SOL NOS MOSTRA QUE É DIA
É O QUE ESPERA TODO CORAÇÃO, POIS TODO HOMEM QUER SER FELIZ
MAS JÁ CANSOU DE OUVIR A HIPOCRISIA QUE TANTOS LANÇAM SOBRE A MULTIDÃO
QUE A BOCA FALE O QUE A VIDA É
NÃO SÓ QUANDO HÁ EUFORIA MAS SEMPRE EM TODA A SITUAÇÃO
PARA QUE VEJAM REAL A FÉ
E VENDO QUEIRAM TER IGUAL À ALEGRIA DOS QUE EM CRISTO TÊM SALVAÇÃO
www.cifras.com.br/cifra/idmusica/47439.htm


Há muitas idéias fervilhando aqui dentro de mim, e eu não sei nem por onde começar.

Hoje parecia ser um dia comum, mas com um toque diferente no ar. Talvez pelo fato de ter decidido me resgatar dentro de mim, encontrar a minha essência, meu jeito de viver com alegria, desbravando mistérios e desafios que vão surgindo no dia-a-dia.

Há momentos em que tenho pressa, mas há outros em que a mansidão se faz presente, afinal as mudanças não vão acontecer a partir de um interruptor liga e desliga. Mas esta forma seria mesmo muito legal. Clic! Pronto, mudança realizada mais rápido que um download com banda larga.

De qualquer forma hoje só cuidei de mim: corte de cabelo, manicura, depilação, também aproveitei para resolver coisas do computador, preparei material para estudar, li e respondi mensagens, alias uma mensagem em particular muito me alegrou. Na verdade esta correspondência vem me alegrando há algum tempo, e a freqüência está tornando habitual, tanto que já espero pela chegada de alguma mensagem. E até isso me faz bem! Não se preocupe, estou atenta com as expectativas que posso criar. Hoje, “ando devagar porque já tive pressa” como a musica de Almir Satter.